quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dia 13 - Cansado mas feliz

O Pé Coxinho era um gnomo
que coxeava
sempre sozinho
Só rabujava, só rabujava
Daqui não saio,
tropeço e caio
E esfola a testa!
Que granda azar:
Ser o coxo da floresta

Até que então, chegou o Verão
e ouviu fadas a cantar
- Oh Pé Coxinho ninguem se importa de coxear,
Vê que sorte tens! Na perna forte podes dançar
Faz rodopio
Não vez que é um fio
que te liga ao céu?

E o Pé Coxinho aprendeu
que a vida é má
para quem não está com confiança
e a vida é bela, andando nela
como quem dança!
E é o que diz o crepitar do fogo a arder
Que bem me soa!
Fiquem com esta:
É na floresta
que a vida é boa


Foi com este poema, que anteontem a Rebecca me animou e conseguiu também ajudar-me a superar outro dia complicado. Do dia de ontem já sabem, e devem estar a perguntar-se porque é que escrevo hoje tão cedo. Para além da reunião que me aguarda por volta das 17 horas aqui na escola, temo não ter net na casa que vou "estrear" hoje.

Queria vos dizer que estou bem, embora cansado e com um calor brutal em Maputo, hoje 32 graus com céu praticamente limpo.

Acordei mais uma vez, nesta noite, várias vezes. Acordava cheio de calor, abria os olhinhos e logo voltava a adormecer.

Quando acordei de vez, levantei-me e fui a banhos... Ou melhor ia a banhos... nao havia água pelo que o banho terá de esperar até chegar à minha mais recente morada.

Vou ficar aqui pela escola,

A todos os que me leem, até uma próxima, não sabendo quando esta será.


Estamos juntos
Ate amanha

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Dia 12 - Como uma fénix

fenix


E hoje sinto-me assim!
Cheio de força e energia! Capaz de iluminar qualquer escuridão! Capaz até de te sentir aqui ao meu lado.

O dia começou numa incerteza, mas nem por isso me deixei abalar, e enchi-me de confiança para receber mais este dia. O décimo segundo dia em Maputo, Moçambique.

Sem saber porquê, entrei na escola, com uma confiança que podia cheirar a "snobismo". Entrei de peito cheio, porque algo me dizia que iria ser um grande dia.

Talvez a noite passada, com mais de meia duzia de vezes a acordar, não tenha sido mais do que um sinal, para o dia que aí vinha. Com acordares a todas as horas e de meia em meia hora foi uma noite estranha. Mas com o primeiro acordar, levantei-me da cama! Com uma energia, e dirigi-me para o banho, felizmente, vi as horas e era Meia Noite!!! Tive uma visão estranha, pois deitei-me logo em seguida, olhei para o relógio que marcava 30 minutos mais tarde... Será que estive a dormir em pé?

Lá peguei no sono, sem saber das interrupções que aconteceram por diversas vezes.

Às 5 e pouco da manhã lá tocou o despertador, levantei-me e fui a banhos... Contente por ver mais um dia nascer. O Sol entrava pelo quarto ao mesmo tempo que rasgava o Oceano Índico à minha frente! Que dia lindo, pensei eu!

Lá fui para a Escola, claro, com uma passagem antes pelo Nautilus, para tomar o meu pequeno almoço (e também jantar) habitual. Hoje estava estranho e nem o consegui comer.

As aulas correram como sempre... Muito bem! Gosto do que faço e só tenho que aproveitar esta oportunidade que me foi dada! Aproveitar e aprender a cada instante.

A tarde correu lindamente e quero-vos dizer em primeira mão que já achei um cantinho para poder receber o melhor que sei a minha querida, a minha companheira para a vida. Pode ser um local provisório, temporário, mas sempre é um local. Entendo agora a necessidade urgente de comprar um carro, juntar dinheiro para uma brincadeira dessas e depois... tudo será melhor... Quando der por mim, já estaremos juntos!

Foram as mudanças, e incrivelmente tudo o que se passou ontem, e mesmo com todas as minhas inércias face a qualquer tipo de mudança, hoje foi diferente. Tive um gosto especial em fazer a mala e preparar tudo para ir já deixar na minha futura casa.

Foi altamente! Lá fui deixar as minhas tralhas e voltei para o hotel, mais feliz que nunca, com vontade de curtir esta minha última noite no hotel. Vou me deitar ali na cama, reflectindo que esta será a minha última noite no hotel.

Para onde vou, não sei o que me espera a nível de internet, por isso se estiver off um dia, já sabem... mas tentarei sempre que possivel vir aqui e publicar as crónicas que vou escrevendo.



(é melhor quando) Estamos Juntos
Até amanhã

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Dia 11 - Dia de Carnaval

Em cada jornada, o viajante deve perguntar, "escolhi o caminho certo?" Muitas estradas são longas e instáveis. Repletas daqueles que perderam o rumo. Alguns criam o seu próprio caminho, guiados pela fé. Procurando não um lugar, mas uma alma semelhante. Outros caminham juntos, encontrando segurança nos braços um do outro. Uns poucos descarrilam, para evitar o caminho da tentação. Mas, aqueles que observam o caminho demasiado de perto, não conseguem ver aonde ele os levou. E muitas vezes ficam surpreendidos com o seu destino.


Hoje o dia continuou ventoso. As nuvens que imperavam na madrugada desta Terça-Feira, logo deram origem a mais um dia de céu limpo. Há quem anteveja uma valente chuva nos próximos dias. Vamos esperando para ver.

Hoje foi dia de Carnaval na Escola. Depois de prepararmos os últimos disfarces, lá saímos da sala e fomos para o desfile. De seguida, e sob um calor intenso, fomos para um páteo onde cada turma teria que dançar. Os meus colegas de grupo informaram-me que dançariamos todos juntos. Quatro turmas, todas com máscaras alusivas ao tema da Astronomia.

Foi aqui que tive o primeiro "cheiro" de Africa! Dei por mim a dançar, todo contente, debaixo de 33 graus, sem sombra, a rir e a festejar com alunos e colegas.
Eu achei bastante divertido e logo eu que pouco ligo ao Carnaval. Mas a vida tem destas coisas.

Mas fui ou pelo menos senti-me o REI DO CARNAVAL!

Vim para a zona do hotel, cheio de fome depois de uma manhã desgastante.

Almocei biryani de galinha. Este prato, tradicionalmente paquistanês/indiano foi uma autentica revelação! Estava um espanto! É um prato realmente delicioso. Geralmente servido em ocasiões especiais como casamentos, festas ou nas "férias" do Ramadão. É de preparação demorada mas depois de provar vemos que valeu a pena! É usado um arroz especial (não, desta vez, não é Carolino), arroz Basmati. O arroz é frito em uma série de coisas boas que dão a este prato um gosto tão especial. O preço, muitos de vocês quererão saber... 140 meticais, qualquer coisa como 3-4 euros!

Fiquei mesmo bem!
Deixo-vos uma amostra deste delicioso prato:




A tarde custou um pouco a passar, valendo-me como sempre a companhia de alguns colegas e ao fim da tarde um sumo natural de ananás numa esplanada com uma vista do outro mundo! Foi mais um sitio que conheci e que fiquei fan!

Chego à conclusão, depois de 26 anos, que não reajo bem às mudanças! Custa-me e sempre me custou todas estas mudanças que ainda nao aprendi a lidar com isso. Como diz a minha mãe, isto aconteceu quando há 20 e tal anos se trocou de carro, aconteceu quando mudámos do Pai do Vento (Cascais) para o Estoril, aconteceu quando me vi na realidade de ir estudar para Évora e está a acontecer agora. Não sei lidar com isso, mas prometo fazer algo para contrariar todas estas possiveis situações.

Com dores na boca, garganta e cara, causadas por me conter várias horas por não desabar em lágrimas, me despeço de vocês.

Querendo somente dizer que amanhã o dia será complicado, mas vou acordar com uma força inabalavel que me vai permitir enfrentar mais uns dias! Amanhã tudo será diferente, a consciência e a reflexão disseram-me isso.


Até amanhã
Estamos juntos

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Dia 10 - As respostas começam a surgir

Está tudo a acontecer tão depressa. A minha vida é um comboio a alta velocidade, e não sei bem em que direcção vai. Mas, uma coisa é certa, foi-me dada uma oportunidade. Fui tocado por Deus. E tenho de acreditar que Ele tem um propósito para a minha vida. Por isso, porque é que estou cheio de dúvidas? Amaldiçoado por demónios reais e imaginários? Com medo dos desafios que se seguem, e assombrado pelos fantasmas do meu passado? Saberá Deus o que eu sou? Saberei eu? Serei um anjo ou um monstro? Um herói ou um vilão? E porque não consigo ver a diferença?

Neste dia, em que o Sol optou por não aparecer, dando espaço a uma tímida chuva, foi o vento quem mandou. Incrivel, sair à rua, e bastar levantar os pés do chão. Se o vento estiver nas nossas costas, andamos sem qualquer tipo de problema como se estivessemos a levitar.
Hoje, primeiro dia da semana, andei feliz, confiante e acima de tudo agradecido por esta oportunidade em poder vir para um país como Moçambique, que tanto tem para me oferecer. Os dilemas, como já foi dito, continuam, mas são eles que nos fazem crescer e querer mais e melhor.
Andar por esta cidade, tantas vezes igual a tantas outras, faz me ficar mais disperto para tudo o que me rodeia e principalmente para a forma como devemos encarar estas novas experiências. Tenho que aprender, à minha maneira, de uma forma nem sempre fácil, que se a Vida me fez chegar até aqui por alguma razão foi.
Continuo nesta guerra comigo próprio, onde aqui perco muitas forças, na procura de casa. A realidade é bem diferente da que conhecia e da que poderia algum dia esperar. É facto que não vim preparado para estas realidades. É sabido e sentido que quero fazer tudo pelo melhor, mas nesta batalha, ainda preciso de aprender muito e me superar, para neste capítulo, levar a melhor!

Mais um dia se passou, onde tento sempre fazer melhor do que nos dias todos aqui vividos.
As saudades não adormecerão certamente como eu quando cair nesta cama larga, onde sonho a cada dia que possas lá estar!


Estamos juntos
Até amanha

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Dia 9 - Um domingo cansativo

Na busca contínua por nós próprios, há dias em que descobrimos algo genuinamente novo. Algo não descoberto, escondido. Que nunca soubemos que lá estava. Algo que nos surpreende. E nesse dia de descoberta própria, a pergunta permanece, "Que tipo de pessoa somos nós?" , "Será que o herói, ou vilão, dentro de nós, ganhará o dia?"

Estou-me a descobrir, estou a procurar respostas no que me rodeia. Estou a crescer enquanto pessoa, enquanto ser que deambula por esse Mundo. Nunca ninguém disse que esta caminhada seria fácil. É uma caminhada longa que por vontade Superior fui obrigado a fazê-la, parcialmente, sozinho. No inicio, quando esta aventura começou, pensei que seria forte o suficiente para travar esta batalha sozinho. Há muitos momentos em que penso que o consigo fazer. No entanto há outros momentos em que começo a colocar muitas questões. Em todas elas, e com alguma ajuda, a resposta é simples. Acontece o que acontece porque há alguma coisa a aprender. O dia não foi tão mau, comparando com o dia que não houve publicação diária.
Mais um domingo, onde não sai daqui da rua onde estou hospedado, no máximo até 5a feira. Nesse dia terei mesmo que abandonar o hotel. Isso implica na quarta tirar já a grande maioria da tralha, e leva-la para algum sitio. Não quero pensar nisso!


O dia de hoje, foi bom, na medida em que não custou muito a passar, apesar de toda a má disposição com que andei. Fui fazer umas comprinhas, de algumas coisas que estava a precisar, e andei pelo cafe e pelo hotel.

Amanhã lá me espera mais uma semana. Uma semana, com direito a festa de carnaval na Terça!
Vamos ver como vai correr.
Estou ansioso por esta semana.

Que passe rápido para assim faltar cada vez menos tempo para que tu chegues e possamos começar a partilhar o nosso sonho de vida.

E enquanto a busca por nós próprios continua, procuramos por respostas em todo o lado. Na Natureza. Em Deus. Em pequenas tragédias que poderão nunca ser entendidas. Mas mesmo assim, somos levados até elas, com a cabeça num só objectivo.

Ate amanha
Estamos (sempre) juntos

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Dia 8 - Uma semana de Mozambique 24/7

Olá amigos, amigas, família e comunidade cibernauta perdida pela rede.

O dia de hoje, sábado, é assinalado como as festividades da 1 semana de blog.

Não tenho muito para vos escrever, mas vou falar-vos de algumas coisas que me têm perguntado quando as pessoas visitam o meu blog.

O porquê deste nome.

Mozambique247

O titulo do blog, remete para Moçambique 24/7. São as minhas crónicas em Moçambique numa tentativa de 24 horas por dia, 7 dias por semana.


Faz hoje uma semana, que cheguei. Houve dias bons, menos bons e dias francamente melhores. O dia de hoje foi cansativo. Com momentos de confusão de sentimentos e com algumas questões no ar. Mas o importante é que passou mais um dia, nesta cidade que cada vez mostra um pouco mais da sua natureza selvagem e aleatória.


Estamos juntos
Até amanhã

Dia 7 - Um dia em cheio... 22 horas

Um dia em cheio!

Como sempre, lá me levantei pouco passava das 5 da manhã. Arranjei-me para ir todo bonito para a escola e desci para o pequeno almoço. Já ando a comer melhor mas o sistema digestivo parece não querer ficar a funcionar a 100%.

O dia na escola, passou-se com naturalidade, tirando o facto que permaneci durante a tarde pela escola, para poder tratar de mais alguns assuntos que tinha pendentes mesmo não tendo ficado tudo tratado.

Durante a tarde a Sara lá me desafiou para um jantar com a malta da escola. Lá comparecemos todos! Uma festa, boa disposição e admiravelmente boa comida. Optei mais uma vez por um prato também escolhido por uma colega. Desta feita, resolvi imitar a Marta! Polvo à lagareiro, prato tipicamente... Português. Estava divinal! Mesmo! Bem servido e a um preço fantástico! Bebemos algumas coisas e no final a conta foi 430 meticais a cada um, pouco mais de 12 euros.

Depois lá decidimos ir ao "bairro alto" de Maputo. Não sei porque lhe chamam assim, fica na baixa da cidade... Mas deve ser porque os bares estão nas ruas... na rua! Uma rua, numa zona "diferente" onde nem mesmo a presença das autoridades oficiais afasta qualquer tipo de actividade que de legal pouco ou nada tem.

De regresso a casa, quando o cansaço se apoderava de mim, e a cerca de 1 km do hotel onde estou, fomos abordados por uma brigada de trânsito. Com uma lanterna diferente de todas as outras que conhecia. Esta parecia saida de um desenho animado ou até de outro meio tão diferente deste. Era um verde bebé! Um polícia, armado com uma arma que deve ter parado a sua produção há vinte ou trinta anos, com mais ferrugem que balas ou até polvora, vestido até ao pescoço com camisolas de lã. Enfim eu estava de tshirt, e a escorrer suor, às 2 da manhã! A Marta até lhe perguntou se ele nao teria calor com aquilo vestido. Mostrámos as nossas identificações. Eu, a Marta e a Sara mostrou os documentos do veículo. Logo acharam um problemazito nos documentos da Marta. A Sara, coitada e sozinha, lá foi a casa buscar os documentos para que ficasse tudo resolvido. Quando saí do carro um outro polícia, vestido de uma forma mais adequada a este clima tropical, logo me perguntou "Não me quer pagar um drink?". Nesta altura, e de novo em posse do meu passaporte, resolvi, para ver como era dar-lhe 5 meticais... Afinal de contas, o senhor podia estar mesmo com sede. Mas enganei-me, e o que lhe queria dar de boa vontade pelos vistos não chegava para o tal drink. Ao que eu disse "Então?! Não tenho mais!", com um sorriso parvo, ri-me para ele mas também nada mais podia ele fazer.

A Sara finalmente chegou com a documentação. Ficou tudo tratado. Voltei a entrar no carro, e voltámos a seguir o nosso caminho. Onde eu só vos queria dar a conhecer esta nova aventura. Lição para tirar, tenho que ir com brevidade autenticar uma fotocopia para que não tenha mais problema algum.

Agora, que o sono me domina, e o meu dia já conta com 23 horas, é tempo de ir dormir!

Lamento por possíveis erros ortográficos, eventualmente causados pelo avançar da hora e o sono me dominar.

Perfeito, seria estares aqui comigo, isso sim! Já falta pouco!

Estamos juntos
Até amanhã

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Dia 6 - O dia em que a Terra girou de novo

São 20 horas e quero vos dar o weather forecast da minha nova cidade:

Tempo para Maputo
30°C
Actual: Muito nublado
Vento: E a 23 km/h
Humidade: 74%

Num dia, particularmente, quente, onde as temperaturas várias vezes se fizeram sentir, também no meu corpo, perto dos 40 graus, vivi um dia muito, mesmo muito feliz.

Depois do dia de ontem, onde os mais atentos se aperceberam da falta do Dia 5, que foi deveras desgastante, triste e depressivo, parece que tomei a vacina que precisava para enfrentar estes próximos dias, semanas, meses, etc...

Estou mesmo feliz! Já vos tinha dito isso hoje?

Muitos panoramas, começam, agora, a mudar e eu começo a ver a vida nesta cidade com outros olhos.

O dia de ontem foi um dia que parte, grande parte dele, eu quero esquecer. Por isso não fiz comentários nem vos brindei com uma única palavra ontem. Do dia de ontem, quero reter os ensinamentos e as palavras sábias, que aqui e ali fui escutando, de pessoas com uma história nesta cidade já bem mais longa que a minha.

O dia de hoje, para além de quente, como já vos transmiti, banhou-me de energias de uma forma fantástica.

Depois das aulas lá fui tratar de umas coisas no notário.

Foi aqui que comecei a ver algumas diferenças para esse país, chamado Portugal. Em Portugal, estas autenticações custariam cerca de 30 ou 40 euros, aqui paguei 20 meticais qualquer coisa como 60 cts. Em Portugal é uma pessoa que faz todo o trabalho, aqui há 6 pessoas. Uma pergunta o que queremos e recebe os documentos, para depois passar a uma segunda que coloca os carimbos, outra verifica se está tudo bem, outra preenche os espaços em branco deixados pelo carimbo, outra coloca o selo branco e outra ainda penso que estava a dormir. Ao fim de 20 minutos tinha tudo resolvido, e comecei então aí a absorver a energia das árvores das avenidas, os cheiros, esta ida ao notário foi como uma libertação, um renascer dos sentidos. Vim, debaixo de um sol abrasador, para o hotel, onde só queria falar com aquela pessoa especial e mostrar-lhe como estava feliz neste dia. 5 ou 10 minutos a pé, depois de ter feito uma "amizade" com um vendedor ambulante resolvi passar pela embaixada. Mas não consegui resolver os assuntos que me levaram a esse local. Rapidamente me pus no hotel, queria mesmo falar com Portugal para mostrar o quão feliz eu estava e estou hoje. À chegada do hotel, cruzei-me, à medida que começava a escorrer suor por cada cm quadrado do meu corpo, com o dono do hotel, que me falou muito bem, mas deu-me uma notícia péssima. Não havia electrcidade! O que significa isto? bom... não havia ar condicionado nem os routers estavam a funcionar para poder falar para Portugal. Não tardou e a rede eléctrica voltou de novo a funcionar. Subi a correr para o quarto e liguei para Portugal.

As energias estão a nosso favor, e se em Maputo as coisas estavam a começar a correr bem, de Lisboa surgiram novidades que alegraram e energizaram ainda mais a minha vida.

Nesta tarde senti-me como um local. Confiante e acima de tudo feliz. É assim que tentarei estar nesta cidade que me acolheu, com as pessoas fantásticas que até agora me têm feito sentir tão bem!

Com o casamento em mente, a tua chegada, em breve, fazem-me acreditar que estarei à tua altura para quando chegares, mesmo ainda nao tendo aprendido a dançar.


Amanhã será um novo dia. Um dia cheio de vontade de ser vivido! E eu estarei cá, de mãos abertas para o viver e receber tudo e mais alguma coisa.


Estamos juntos
Até amanhã

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Dia 4 - O culminar de muita coisa

Mais uma vez, acordei cedo.
Tinha que tomar o pequeno almoço e esperar por uma colega que enquanto aqui estiver não se importa de me dar boleia.

Lá vim para a escola e para junto dos meus mais recentes alunos.

O dia hoje foi muito complicado, ao contrário dos outros. Para além de andar todo rebentado do sistema digestivo (será do mephaquin?) as saudades, constantes de quem quero bem, deixaram-me muitas vezes sem fala... a um pequeno ponto de soltar uma(s) lágrima(s). Sempre que alguma colega falava, a conversa era remetida para a minha querida... foi tão complicada esta manhã!

Felizmente, tive forças para me abstrair (como se isso fosse possivel) da distância que nos separa. Senti tanto a tua falta, hoje, especialmente. Tanto que não imaginas! E ao ouvir a tua voz, uma calma de espirito trouxe-me a paz que tanto desejei toda a manhã.

As aulas correram bem, estou a gostar, particularmente, de dar aulas a uma variedade cultural tão heterogenea. Os colegas têm-me feito sentir muito bem, sempre muito sorridentes, alegres e amigos. Na ausência de quem ficou longe, eles mostram-me a cada instante que não estou sozinho. Hoje tirámos uma foto de turma, se conseguir obter isso, depois mostro.

O tempo das aulas terminou, é hora de voltar. Vim rápido para o hotel, pois as saudades continuavam doidas e eu precisava de sentir a força e toda a calma vinda desse país que deixei e ficou mais longe do que algum dia pude imaginar. Lá conversámos 1 hora diminuindo a distância que nos separa, que, hoje, me tem feito tanta pressão no coração. O tempo vai passar a correr e em breve estaremos juntos, sei e sinto isso.

Ao contrário de todos os outros dias a tarde foi sinceramente melhor que a manhã. Tive na companhia de dois colegas, o Ricardo e a Sara. Impecáveis, fomos dar uma volta pela cidade. De carro, vimos o que eles acharam que "era o essencial, o mais bonito". Ao longe vi a Catembe, situada no outro lado da baía de Maputo. Vi tambem as ilhas de I'Nhaca e a Ilha dos Portugueses. Vi a imensidão do Mar que banha toda esta baía, bem como algo do melhor e do pior que a cidade pode mostrar, que eu até aqui desconhecia. A pobreza em certas zonas, contranstantes com casas luxuosas, caras e com uma localização digna do tempo colonial... pelos vistos há hábitos que nunca mudam!

Voltei para o hotel, onde não tardou em ser contactado para ir beber um copo com outras colegas. Vou-me preparar e vestir para mais tarde vos continuar a escrever estas minhas crónicas.

Fomos à Costa do Sol, adorei simplesmente, a companhia e o final de tarde. Bebi um sumo natural de ananás.

De regresso à cidade, ligaram-me para ir jantar, aceitei, claro! Só depois me apercebi que era um convite para ir a uma pizzaria. Enfim... fiquei logo esmorecido, mas rapidamente me disseram que tinha também pastas e outras coisas.

Tanto na pizzaria como na Costa do Sol optei sempre por escolhas iguais às dos meus colegas, numa cidade nova, com muita coisa nova, se me armasse em esperto podia-me sair o tiro pela culatra.

Optei por um penne com fungi. Estava bom! A refeição não foi cara, embora não me possa recorrer destes serviços enquanto não morar perto ou dispor de um carro.

Depois do repasto, lá fui rapidamente para o hotel, para poder matar mais algumas saudades. As companhias desta tarde foram 5 estrelas, adorei a tarde! Mesmo! Sem nunca me esquecer daquela pessoa especial, passei bons momentos ao fim da tarde.

O relógio marca 22 e 15, são horas de dormir!

Que o dia se repita tirando a má disposição e as saudades que agora parecem mais calmas, resultado de uma video chamada para Portugal de 1 hora... tornando as saudades um pouco mais tranquilas.

Até amanhã
Estamos juntos

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Dia 3 - Conhecendo a minha nova vida - primeiro dia de trabalho

São 6 e 15 em Maputo, menos duas horas em Portugal! Se no início pensava que a diferença horária era pouco significante, a frase anterior mostra realmente o que quer dizer esta diferença horária. Passa-me muitas vezes pela cabeça a data de mudança de hora em Portugal para que fiquemos com uma diferença horária mais próxima, já que aqui não existe hora de Verão e de Inverno.

Desci para o café, no hotel, ainda está fechado! Saio para a rua, completamente diferente em outras horas, e vou até ao Nautilus. A esta hora a rua parece como muitas outras que já vi. Com alguma capacidade criativa, arma fundamental na carreira docente, consigo imaginar esta rua em plena baixa de Berlin, Paris ou até mesmo Lisboa. Os vendedores ambulantes e de banca fixa ainda "não entraram ao serviço". Depois do meu pequeno almoço lá me sento na porta do hotel esperando o meu colega, que hoje me levará até à escola.

Esta noite tive mais dificuldade em adormecer. Apesar do cansaço hoje tive uma valente briga com o Ar Condicionado. Acho que me levantei 2 ou 3 vezes sempre para o desligar. Mas devia carregar num botão errado, voltava-me a deitar para acordar de novo mais tarde para repetir todo o processo.

Chegámos à escola! Foi bom ver todo aquele frenesim de miudos e graudos a chegar à escola. Lá tratei de algumas coisas que estavam pendentes, conheci mais uns colegas, que sempre me trataram 5 estrelas. O tempo foi passando e a hora de entrada ficando cada vez mais próxima. Tive uma nova mini tour pela escola, onde ia revendo espaços já no sábado visitados e conhecendo ou revendo alguns colegas.

Há, entre todos os colegas da escola uma harmonia que não tenho ainda palavras para descrever. Um cuidado e uma atenção comigo, como se um brinquedo novo se tratasse. Estão preocupados, perguntam-me como estou, enfim... Sinto-me e senti-me hoje realmente bem, durante todo o tempo que estive na escola.

Lá finalmente cheguei à sala onde irei trabalhar nos próximos tempos. É uma sala provisória pois a sala de uso premanente está a ser "arranjada".

Entrei na turma, e fiquei espantado com a diversidade cultural ali reunida. Penso que é cedo para tirar qualquer tipo de conclusões sobre alunos, mas penso que tive "sorte" pois tenho alunos francamente bons e trabalhadores quando motivados. Penso que os toquei de alguma forma, pois consegui espalhar alguma da magia e ver nos olhos dos alunos uma curiosidade enorme em ouvir-me a falar. Ficaram doidos quando lhes disse "Espero ensinar-vos muito, mas aprender ainda mais com todos vocês". Penso que consegui e que estou no caminho certo.

As aulas correram bem, e consegui fazer um pouco de tudo, há muito a trabalhar, muito que lhes quero transmitir, espero ter tempo e toda a força deste mundo para conseguir mostrar-lhes tudo aquilo que pretendo. As condiçoes materiais da escola aponta sempre para que tudo seja favorável ao sucesso escolar e educativo desta escola. Vamos juntos, como disse aos meus alunos, não querendo nunca andar à frente deles nem atrás. Como uma vez alguém disse, "Não caminhes à minha frente, posso não saber seguir-te. Não caminhes atrás de mim, posso não saber guiar-te. Caminha antes a meu lado e juntos chegaremos ao nosso destino". Disse esta frase aos meus alunos que ficaram com uma cara de espanto, e senti mais umas bolinhas de magia no ar.

As aulas terminaram e era tempo de ir almoçar.
Com a senha de refeição na mão dirigi-me então para a cantina, onde optei por bife de vitela com esparguete. Soube-me bem, realmente! A companhia foi boa, mais uma vez! Mas a fome, que me acompanhou parte da manhã foi claramente tranquilizada.

Na parte da tarde, esperava-me alguns "protocolos" na escola, para começar a tratar das coisas todas. Estive com um senhor, 5 estrelas, muito simpático e dei início a vários processos que devem ser feitos e onde estou a contar com uma preciosa ajuda.

Configurei a net, para aceder na escola e mais tarde concluí que MSN está bloqueado na escola. Assim, aproveitarei na escola para trabalhar e para ver os mails. Chega! Para conversar venho para o hotel, onde no quarto, agora já com net, estou bem mais à vontade.

O dia correu muito bem. Já estou de volta ao quarto, depois de mais um jantar no nautilus. Janto lá uma refeição leve, tanto a nível calórico como a nível financeiro. Hoje a conta do jantar foram 62 meticais, não chegando a 2 euros.

Amanhã devo almoçar no Nautinus onde o prato do dia são 140 Meticais.

Hoje estou estoirado. Foi o dia todo sem parar, vou tomar um banho e vou-me deitar, amanhã temos mais do mesmo.

Até amanhã
Estamos juntos

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Dia 2 - Primeiras impressões numa cidade nova

Bom dia!

Tenho que referir que a noite passada, a primeira a dormir aqui, não foi uma noite fácil.
Ontem ao chegar ao quarto, depois de ter sido, por diversas vezes importunado por mosquitos e outros bichinhos na recepção - onde ontem tinha que estar para ter acesso à net - quando abri a porta tinha uma agradavel surpresa à minha espera. Uma pequena osguita que mal sentiu a minha presença escondeu-se logo.

Liguei então a TV para me entreter e acompanhei as notícias pelo canal da SIC Notícias. Preparei-me para me deitar e fazer umas chamadas para Portugal.

Tudo correu como planeado e quando me preparava para me despedir desse dia cansativo, pensei que o Router do hotel, não podia ser mais inteligente/teimoso que eu.

Peguei no portatil, voltei a ligá-lo, e comecei então inúmeras tentativas para me ligar à net, e poder aceder a tão importante recurso no "conforto" do meu quarto - onde neste momento a única coisa que falta é virem arrumar o quarto para poder tomar um banho e ficar aqui descansado.

Finalmente lá descortinei o mistério e consegui permissão para entrar na rede do hotel.

Falei um pouco mais com quem ficou por Portugal, deu para matar mais algumas saudades.

Quando me deitei, depois de várias "sprayzadas" de repelente, e após ter desligado o AC, não tardou muito até que começasse a escorrer de suor, valentemente. Não suportei o calor e liguei o AC. Adormeci rapidamente, penso eu.

O dia nasceu.
O Ar Condicionado que funcionou fez acordar-me cedo, não sei bem a que horas, rapidamente me levantei e desliguei-o para me deitar novamente. Acordei faltava pouco para as 10 horas locais, hora em que fecha o serviço de pequeno almoço. Vesti-me rápido, desci ao primeiro andar onde iria saciar a pouca fome que me tem acompanhado nestas primeiras horas desta aventura. Lá me servi, do que de melhor aspecto havia. 1 papaia e dois copos de sumo. Foi o meu pequeno almoço.

Subi de novo para o quarto e liguei o pc, à espera que alguem de Portugal se ligasse para contar como tinha passado a primeira noite.

Lá matei algumas saudades de Portugal, com várias conversas, e retomei a escrita deste post.

Ganhei coragem de me fazer à rua, confiante e sem receios. Procurei, ainda sem sucesso, um mapa da cidade, que pudesse andar comigo para ir ganhando pontos de referência para futuras orientações.

Estive no café Nautilus com algumas pessoas que tinha conhecido ontem. Andei pelo shopping e regressei ao quarto onde vou comendo de vez enquando, mais uma fatia da pizza comprada ontem. A fome não é muita, mas como hoje alguem me disse, precisamos de ter fome para viver!

Comecei hoje a procura de casa, ainda não visitei nenhuma mas já comecei a estabelecer alguns contactos. Falaram-me de uma aqui pertinho, num 8º andar, tipo 4, aquilo que chamamos um T4. Penso que, para além de estarem a pedir uma brutalidade pela renda da casa creio que é uma casa grande demais. Procuro uma casa tipo 2. Vamos ver o que os próximos dias nos trazem.

Já combinei, com um colega, a minha boleia amanha para a escola. 06 horas e 40 minutos tenho que estar à porta do Hotel. As aulas começam pouco depois, mas quero conhecer mais pessoas, para combinar de boleias e saber se há alguem interessado em partilhar casa.

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Compreendi uma coisa recentemente. Desde que aqui estou, o tempo passado com as pessoas, ou meramente a passear vendo lojas e outros desconhecidos passa melhor do que se estiver aqui metido no quarto. Felizmente, amanhã, começam as aulas e lá conseguirei entreter-me, distrair-me e assim os dias passarão, certamente, mais rápido.
As saudades de quem está longe são acalmadas sempre que vemos alguém conhecido e trocamos algumas palavras e desabafos desta aventura. Só ainda passaram 2 dias. As saudades são muitas e por vezes não é fácil de esconder o que estamos a sentir, mesmo que isso resulte de um sonho há muito tempo desejado.
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O dia hoje, foi passado entre o quarto e algumas visitas ao café, onde não tarda vou passar para jantar qualquer coisa. Já não posso olhar para a pizza. Talvez coma uma torrada e um chá. Há momentos, quando me preparava para mais uma dessas saídas, saí da recepção do hotel e senti logo um bafo quente e pesado. Levemente acompanhado por uma chuva miudinha que anunciava um pequeno mas constante vendaval.

Ja estou mais bem disposto, e começa a ser hora de pensar em dormir. Queria tanto começar a mostrar fotos para todos vocês, mas devido a uns quantos problemas penso que só em março poderei mostrar fotos. Mas nunca se sabe e se houver alguem que me possa ajudar eu colocarei as fotos bem mais cedo.


Como ja disse, amanha terei que me levantar bem cedinho, para aproveitar um pequeno almoço melhor que o de hoje (espero)!



Até amanhã
Estamos juntos

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Dia 1 - Chegada

É impossivel adormecer no avião... Quando estava bem pertinho de adormecer a ouvir o Canal Português no Radio, começaram a repetir as músicas... Já tenho os pés dormentes e já perdi as minhas 2 almofadas... cairam para o banco de trás onde vão duas raparigas... Não tarda tenho que me levantar, e mostrar às minhas pernas para o que ainda servem.


Estou com uma tremenda dor de olhos.


Ontem não vos disse, mas penso que descobri um novo sentimento. Estou a sentir solidade, não é mais que uma mistura confusa e impreceptivel de solidão com saudade. Ontem enquanto esperava pela entrada no avião via todas as pessoas acompanhadas ou pelo menos a grande maioria... Esse sentimento talvez me esteja a manter acordado, pois o único lugar vago neste avião... é o da minha companhia do lado... neste momento... uma garrafa do Luso.


Vou tentar dormir um pouco ou procurar a casa de banho do avião...


Finalmente dormi um pouco e encontri o WC. Muito melhor agora. Estamos neste momento a 42 minutos de aterrar, pelo que nos é mostrado no pequeno monitor à nossa frente dentro de instantes estaremos a sobrevoar solo Moçambicano. Já se nota nas pessoas que estamos perto. As pessoas, que durante uma noite dormiram bem melhor do que eu, acordaram para um pequeno almoço, algo estranho, devo confessar, comeram ou melhor devoraram os seus pequenos almoços e iniciaram um frenesim incrivel arrumando sacos, saquinhos e sacolas.


Nem quero imaginar quando for eu, daqui a alguns minutos ou mesmo depois do avião aterrar...

Agora sim estamos já em Moçambique, não consigo olhar pela janela nem me atrevo, com muita pena, gostava de tirar umas fotos para recordar... terei o meu tempo! O sol que se mostrou timido durante toda a viagem apareceu e agora entra pela janela de uma maneira que fere a vista e é melhor fechar a escotilha. É melhor não olhar por lá por enquanto nem colocar lá a maquina para registar... aquilo que por enquanto são só nuvens.

Aterramos dentro de 35 min. Vou desligar o pc, arrumar tudo com calma. E... ser uma esponja neste país que dentro de instantes me vai enfeitiçar.


Acredito que não tenha havido uma única alma que durante a aterragem não tenha suplicado a todos os santinhos das aterragens e das pistas compridas... Que grande travagem! Fui rapido a sair do aviao, mas depois veio a complicação... precisava de uma caneta para preencher um papel e não a tinha... Finalmente lá encontrei um senhor que se dispôs a emprestar-me a caneta. Depois como tinha aquele carimbo especial no passaporte foi muito rápido... lento foram as malas, onde comecei a ver a disponibilidade fantástica destas pessoas em ajudar quem vem de fora, por umas ou outras razoes.


Depois de alguma demora em rever a minha bagagem, com dois casacos na mão e mais duas malas bem carregadas, lá surgiu no fundo do túnel a minha bagagem. Prontamente a comecei a tirar, mas nao consegui... Alguem, bem maior que eu e com mais força fisica chegou-se tirou a mala e disse-me que não me preocupasse com coisa alguma. Passámos de novo pela segurança alfandegária e sem problemas aí também. O meu novo amigo logo se prontificou a fazer o trabalho todo.


À saída do aeroporto, lá estava o Sr. Carlos com um papel com um nome, de uma qualidade de arroz, escrito! Cumprimentámo-nos e levámos as coisas para o carro. Primeiro engano... Ia me metendo para o volante, tal não é o habito ou a vontade em conduzir neste país.


Pedi que fossemos comprar um cartão de telemóvel e lá fomos, depois comprei uma carga e mais tarde outra carga.


Cheguei ao hotel, do qual vos mostrarei fotos em breve, e fiquei um pouco desapontado no ínicio. Mas assim que entrei no "lobby" as coisas começaram a melhorar.


Depois de cerca de 40 minutos à espera que o meu quarto estivesse pronto.


O quarto é magnifico, e nesta altura já me tinha despedido do Sr. Carlos. Fui ao WC... fumei um cigarro e quando me preparava para descansar um pouco o telefone do quarto tocou. Era o Sr. Carlos. Estava de volta e ia-me levar à escola, para eu conhecer as instalações e alguns colegas, na esperança de encontrar algum sitio para poder ficar.


Almocei com alguns colegas, e por largos momentos senti-me em casa, junto de família onde se falou de tudo um pouco, riu-se e partilharam-se algumas experiências.


A escola é fantástica pelo que me apercebi! Bem equipada, organizada e com pessoas com muito bom coração! Que sempre se dispuseram a ajudar.


Mas, quando eu estava a gozar a minha tarde na escola, familiarizando-me com tudo e todos fiquei em sobressalto, bastante nervoso e triste. Rapidamente resolvi toda a situação e as coisas mudaram.


Voltei para o quarto e tenho andado numa roda viva e só consigo entrar na net na recepção de onde agora vos escrevo.

No quarto algo se está a passar. Jantei às 4 horas da tarde de Portugal, pois caso o autoclismo me permita dormir, espero conseguir dormir um pouco.


Decidi ir a uma pizzeria "el Greco", fica mesmo aqui colado com o hotel, disseram-me que era boa, e lá fui. Como não tenho tido muita fome optei por uma sopa. Dizia no menu que a Sopa era Sopa Portuguesa e depois referia que era uma sopa de legumes. Pensei boa aposta. Peço a sopa, uma pizza para levar para o quarto para caso me dê a fome, e para beber uma MAC MARON, por outras palavras uma 2M.


Agora espero que o sono me venha buscar e me leve para o quarto para poder descansar umas boas horas... Assim o espero.


Amanha não sei como será o dia, mas espero ter um tempinho para vos mostrar fotos ou quem sabe até contar algumas das peripécias que me vão acontecendo.



Até amanhã

Estamos juntos

Dia 0 - Partida

Aqui estou eu. Sentado num banco, como tantos outros, no Aeroporto da Portela, Lisboa. Aguardo, enquanto escrevo, pela entrada no avião. Esse avião que me levará a mim, à minha bagagem e um conjunto incalculável de objectos, lembranças e memórias que por diferentes circunstâncias tiveram que ser deixadas em Lisboa.

Lá atrás, onde os comuns mortais sem bilhete de embarque são retidos, ficaram a minha mãe, o meu irmão e a minha companheira para a vida.

É a segunda vez, que por influência do destino sou obrigado a deixar (fisicamente) as pessoas que gosto, os amigos, os passeios, locais com maior importância. Lembro bem da outra situação... Estudar em Évora... falarei disso noutro dia. O importante a ficar aqui hoje escrito são um conjunto de emoções que me vão correndo no sangue... acreditem... sinto um formigueiro estranho, pois ainda não sei o que vou encontrar. Uma cidade, novas pessoas, novos costumes mas desta vez a uma distância onde se alguma coisa correr menos bem eu possa voltar para o conforto do meu núcleo de pessoas a quem eu quero e que me querem bem.

Como dizia é muito estranho tudo aquilo, pelo qual tenho passado. As últimas semanas levaram-me ao limite, admito... não é fácil uma mudança assim, mas principalmente não é facil entender tudo o que ai vem.

Entendo assim, que a minha postura na despedida, hoje e nos outros dias de todos aqueles de quem me despedi, possa ter parecido algo um pouco feito de animo leve, como se me tivesse a despedir "até à próxima semana"...

Compreendo tudo e todos aqueles que viam a minha viagem para Maputo com uma maior apreensão... mas quem realmente me conhecia sabia que há muito tempo eu perseguia este sonho que no último ano veio a ganhar forma e limites mais concretos.

Descolámos há cerca de 30 min, e quando dou por mim...
Entrámos em Espanha! Graças a um televisor (que por incrivel que possa parecer consegue ser mais pequeno que este meu portatil) conseguimos ver em que ponto da viagem estamos...

Liguei os fones... Carlos do Carmo - Lisboa menina e moça ... lindo! Mas nao vamos abusar, vou trocar de musica... o sono é muito e como ainda nao serviram o jantar... nao quero adormecer antes.

Estamos entre Huelva e Sevilha a uma velocidade de 885 km/h e com uma altitude de 9300 metros... Mas agradável está lá fora... o termometro marca 52 graus... negativos...

Canal 2 do rádio a música parece bem melhor...mas não tarda mudo... esta música trás-me outras recordaçoes... Sera que encontrarei alguma radio que me convenha?

Fui até ao canal 14 e não achei nada que me agrade... vou parar com a música...

Quero parar um pouco agora para partilhar com vocês o Menu do Jantar a bordo...

REFEIÇÃO A BORDO

- Salada de Cogumelos
- Cebolada de Migas de bacalhau com Couve Portuguesa ou Frango Assado (vou optar pelas Migas)
- Arroz doce

Não parece mau, mas preparem-se para ler e saber o que será o que eles chamam de pequeno almoço a bordo:
- Sanduiche de Mousse de Beringela... com compota de cebola.

Será que vim num voo Vegetariano?

Não quero sair do avião sem antes vos falar da minha companhia de viagem. Um show! Antes de mais, consegui realmente um lugar supostamente com janela, mas... não! Quando entrei no avião dirigi-me para o 12A. Coloquei as minhas (2) bagagens de mão, mais um casaco nos compartimentos devidos e lá aguardei pacientemente por conhecer quem iria partilhar comigo 11 horas da nossa viagem de avião. Bem, posso-vos dizer que estamos a breves instantes de começar a sobrevoar Africa... Devem começar a por um filme... é o que parece... será bom o filme? ..... Não, não me esqueci de vos falar da minha companhia de voo. Estou sozinho neste banco, o que é bom porque posso me levantar e ir ao WC, estender-me melhor e dormitar... enfim...

O jantar foi servido e eu e a minha companhia do lado lá jantámos. Ela comeu muito pouco... Para compensar eu comi tudo tendo deixado umas crackers para mais logo...
Alterei a hora do relógio para que não me acontecesse o mesmo que em Cabo Verde. O sono está a chegar a uma rapidez brutal! Não há meio de passarem um filme para a malta se entreter... depois do telejornal fui brindado com quase 50 min de publicidade a uma escola de equitação em S. Paulo, Brasil, onde falavam de dressage, compra e venda de cavalos e corridas... Rapidamente perdi o interesse de tão útil informação... (claro que assim que comprar um cavalo, vou mete-lo naquela escola, no Brasil.)

Agora passam na TV (tem sido sempre como que uma emissão especial da RTP) um programa de um chef de cozinha com mais 2 amigos... penso que aprendi algumas coisas...


Vou tentar dormir um pouco...
Amanha espero acordar já no espaço aéreo Moçambicano.

Até amanhã